Vídeo nas redes sociais mostra medicamento, uma espécie de pílula que, ao ser ingerido, se transforma em um balão gástricoReprodução / Facebook
Recentemente, começou a circular um vídeo nas redes sociais mostrando um medicamento, uma espécie de pílula que, ao ser ingerido, se transforma em um balão gástrico. Os internautas ficaram entusiasmados com a possibilidade de um método pouco invasivo, que teria os mesmos efeitos de uma cirurgia bariátrica.
Diante da demanda, a reportagem falou com o médico Marcos Belotto, gastrocirurgião do Hospital Sírio Libanês, de São Paulo, para tirar dúvidas a respeito da “pílula juntá-los”. Dê uma olhada abaixo.
Esta pílula que se transforma em um balão gástrico pode ser uma alternativa à cirurgia bariátrica?
Sim, para casos específicos. Os Pacientes que apresentam contra-indicações ou que não desejam a cirurgia bariátrica, mas se enquadrem nas indicações da pílula-ocular pode, sim, ser beneficiados. No entanto, é importante notar que, apesar do fato de que ambos têm como finalidade o tratamento da obesidade, tanto a cirurgia como o globo têm particularidades que devem ser avaliados individualmente. De modo geral, este globo apresenta-se como uma alternativa, mas não substitui a cirurgia bariátrica em muitos casos.
Quais são os perigos deste tipo de medicação e quais podem ser os efeitos esperados?
Por tratar-se de um novo método, os dados sobre sua segurança ainda são pouco conhecidos. Apesar disso, sabe-se que, por se tratar de um corpo estranho no interior do estômago, o paciente pode apresentar desde náuseas e dor abdominal discreta, até o desenvolvimento de úlceras, hemorragias do estômago e obstrução intestinal por migração do balão, quadros importantes e de risco à saúde do paciente, exigindo a retirada imediata dos balões. Quando o dispositivo é bem tolerado, no entanto, os estudos usados para a sua aprovação e o fabricante relatam a perda de peso variável, devendo ser associado a uma dieta e exercícios físicos, como no caso da cirurgia bariátrica.
Existe alguma orientação pós-cirúrgica, para que o indivíduo não volte ao excesso de peso? Se sim, qual?
Sim, o paciente deve ser previamente informado e preparado para adequações alimentares e de estilo de vida no pós-operatório, além de ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar. É fundamental que ocorra a adesão à dieta, realização de atividade física e outros cuidados, como o tratamento de transtornos psiquiátricos, em situações em que frequentemente se associam com o retorno do excesso de peso.
A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com obesidade ou outras doenças paralelas, como a diabetes, hipertensão arterial e dislipidemia. Para fazer o procedimento, os médicos avaliam quatro critérios: idade, índice de massa corporal, outras doenças associadas e o tempo que já se convive com a obesidade.
Para ser candidato à cirurgia, o paciente deve ter entre 18 e 65 anos, Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 40 kg/m2, com ou sem comorbidades (quando uma pessoa apresenta mais de uma doença ao mesmo tempo), ou entre 35 e 39,9 kg/m2 com comorbidades como diabetes, hipertensão arterial e dislipidemia, que melhoram quando a obesidade é tratada. Deve ter tido uma falha de tratamento clínico realizado por, pelo menos, dois anos. Além disso, a pessoa não pode apresentar algumas situações específicas, como a limitação intelectual, transtornos psiquiátricos, alcoolismo, atual ou recente.
A transformação estética de um paciente que realiza a cirurgia bariátrica é visível em pouco tempo. Por isso, muita gente que não teria que fazer o procedimento tem a ilusão de que “encaixava” nestes critérios médicos.
Fonte: ZH Notícias